CASA

Parada no tempo
imutável
abrigando segredos
alguns sonhos
talvez um ou dois desejos


conheço tuas entranhas
sabes coisas minhas
sorriso de menina
uma partida
um adeus branco na janela
coração dilacerado


mesmo assim
és mistério
passo e repasso
espio para dentro
quero visualizar
cenas vividas
brinquedos esquecidos


será que aqueles momentos
estão vivos?
estampados na parede
por baixo
das camadas de tinta dos anos?
decisões que foram tomadas
choro de criança pequena


olho prá dentro de mim
e vejo festas
quinze anos
 ali naquela vidraça
cinquenta desse lado
da rua
e entre elas
alguns fantasmas vagam
e um arroio corre
por um momento a céu aberto
por um momento belo


ela me espreita
por trás daquela varanda.