Há dias estou tentando montar um quebra-cabeça, um macro quebra-cabeça, com muita
paciência a procuro do todo. Pedaço por pedaço. Comecei juntando cores
esperando que se parecesse com um campo de flores miudinhas, queria que
se fosse tipo uma pintura onde não se observasse as divisões. Isso
seria a unidade. O encontro.
Em busca de respostas, inquietamente analiso meu quebra-cabeças.É como um mosaico. Percebo que ele é cheio de cacos como um espelho estilhaçado.
Cá estou eu no começo de um novo milênio perseguindo a unidade, desafiando a verdade, com muita coragem vou montando na memória nua o meu quebra-cabeças. Algumas peças correspondem a dores ausentes, outras a saudades presentes. Juntando aos poucos vejo surgir minha vida, bela em alguns lugares, feia noutros, brilhante mais além, de uma inigualável cor- de -rosa, mas cinzenta também. Cheia de fendas, ranhuras e fragmentos. Fragmentos de mim que eu monto pacientemente. Doloridamente. Não formam o desenho que eu queria, e ferindo minhas ilusões não formam o todo perfeitinho que eu sonhava, não há paredes de castelos encantados, nem a aparência de flores do campo. Mas me mostram que a divisão está acima de tudo e que sempre haveria espaços em branco a espera de novas peças.Infinitas peças que se multiplicam na mesma medida do encaixe.
Insatisfeita, joguei com as peças. Mudei os fragmentos de posição. Tentei novos desenhos. Novas e inéditas configurações. Um desafio: embaralhei as peças que já estavam encaixadas. E os espaços continuaram abertos. E muitas peças continuaram separadas.
Descobri-me numa miscelânea de fatos. Destino estilhaçado por detrás da coerência inútil. Unidade impossível. Nada se recompõe sem deixar marcas, sempre faltam ou sobram lugares. E sempre há peças que não se encaixam em lugar algum. Ficam soltas.
O quadro se modifica a cada nova experiência. Auto se determina a cada novo pedaço acrescido ou não. Impossível terminar a montagem. Continuo a procura do sentido das coisas, a procura de mim. A única certeza é que a vida é romper, quebrar, mudar e compor lentamente peça por peça o desenho de mim.
Em busca de respostas, inquietamente analiso meu quebra-cabeças.É como um mosaico. Percebo que ele é cheio de cacos como um espelho estilhaçado.
Cá estou eu no começo de um novo milênio perseguindo a unidade, desafiando a verdade, com muita coragem vou montando na memória nua o meu quebra-cabeças. Algumas peças correspondem a dores ausentes, outras a saudades presentes. Juntando aos poucos vejo surgir minha vida, bela em alguns lugares, feia noutros, brilhante mais além, de uma inigualável cor- de -rosa, mas cinzenta também. Cheia de fendas, ranhuras e fragmentos. Fragmentos de mim que eu monto pacientemente. Doloridamente. Não formam o desenho que eu queria, e ferindo minhas ilusões não formam o todo perfeitinho que eu sonhava, não há paredes de castelos encantados, nem a aparência de flores do campo. Mas me mostram que a divisão está acima de tudo e que sempre haveria espaços em branco a espera de novas peças.Infinitas peças que se multiplicam na mesma medida do encaixe.
Insatisfeita, joguei com as peças. Mudei os fragmentos de posição. Tentei novos desenhos. Novas e inéditas configurações. Um desafio: embaralhei as peças que já estavam encaixadas. E os espaços continuaram abertos. E muitas peças continuaram separadas.
Descobri-me numa miscelânea de fatos. Destino estilhaçado por detrás da coerência inútil. Unidade impossível. Nada se recompõe sem deixar marcas, sempre faltam ou sobram lugares. E sempre há peças que não se encaixam em lugar algum. Ficam soltas.
O quadro se modifica a cada nova experiência. Auto se determina a cada novo pedaço acrescido ou não. Impossível terminar a montagem. Continuo a procura do sentido das coisas, a procura de mim. A única certeza é que a vida é romper, quebrar, mudar e compor lentamente peça por peça o desenho de mim.