TRUCO


Ei. Pega o baralho
Vamos jogar um truco
Lá fora nada de novo
Estamos sem parceria
Senta no chão da sala
Perto da sacada
Eu pego as almofadas

Vou pegar como parceiro o Destino
Deixo prá ti a Vida
Que ela saca bem esse jogo

Tu dás as cartas
Eu sou “mão” pra ti (como tua mão é pequena).

Que grito é esse lá embaixo?
A rua tremendo de medo.
A cerveja tá gelada? Não joga cinza no chão.
Tu tens “flor”? Eu também, mas a minha é de “ abóbora”! Não é boa. (mas de abóbora é a própria vida)
De quem não vive como nós, intensamente.

Com que direito alguém manda,
Força, controla, rege, marca, censura e deixa ferida?
Tu tens resposta pra tudo
Tens atitude e coragem.
Algumas marcas não visíveis
E até refletes por formigas...

Desse “guemi” eu não preciso
Nem sei qual carta eu quero
(primeira em casa)
Põe o chapéu “Porto Seguro” e passa o cigarro pra mim.

Pronto parceiro, pisquei o olho.
Peguei o espadão.
Mas pontos, não tenho.
E eu tinha esperado tanto
Envidaria minha vida ao diabo
Se tivesse 33 na mão (de espadas)
E eu às vezes choro, e a chuva cobre as ruas da cidade
E cobre o mundo de espanto

Eu queria uma “manilha”
E a manilha não me veio
Veio um valete ( o jogo é outro!!!)
Escondo o valete no peito
Agora tenho uma “flor
Flores cubram essa paisagem
De delicadeza, cubram a morte, a insesatez, a loucura, o descaso.

É truco? Quero
Quero tudo e tudo é pouco.
Quero retruco e vale quatro
Vou gritar real envido e meu parceiro quieto, preparando as ciladas.
Mas que máquina, que temática, que matemática cronológica é essa?
Que fizeram com a gente?

Porque todo mundo anda olhando meio de lado?
Que medo é esse?
A noite vai findando por trás dos prédios, mas a rua tem nome de 24 hrs
Acende a luz e fecha a cortina
Que eu vou deitar no chão. Essa luz me da tristeza
Há não!!! Flor paraguaia,  Porque tanta carta maldita se no amor eu to sem sorte?
Vou piscar os dois olhos assim. Vou dizer que to “morta”
Me abraça. Vamos contar os pontos.
Acabou.
 Perdi.

Mas alguém maneou minha sina.