O bem que nos queremos
Nessa cidade se aninha
Empareda-se
Faz tempo que esse bem nos observa
Nos vê fazer as malas, sair, voltar
Fazer promessas
Adiar coisas, amontoar sentimentos
Nos vê transformar inverno em tépida primavera
Mergulhar nossos temores em águas termais
Abre os braços e nos aninha noite adentro
Acalma nossos anseios com hálito doce
O bem que nos queremos,
Nos vê existir, ter uma história
Conhece-nos profundamente
Sabe de cor nosso humor
Conhece cada ranhura, cada falha
Cada estrela, cada ausência
Cada angústia, cada certeza
Mudam as estações, as fases da lua, os desejos e os envolvimentos
Mudamos nós, e voltamos atrás e mudamos de novo
Inatingível,
O bem que nos queremos permanece.