LAGARTIXAS, POEMAS E OUTROS INVENTOS



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Na melhor das hipóteses: uma estranha; na pior : uma intrusa.

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jc
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...Assim

me tornei


louco.

E encontrei


tanto liberdade

como segurança

em


minha loucura:

a liberdade


solidão

e a segurança


de não

ser


compreendido.



(K.Gibran)




Lagartixa


Carlos Felipe Moisés

O peito é de vidro.
Os olhos, porcelana
delicada e astuta.
Da língua escorre
o néctar sutil.
As patas são de estanho,
mas sabem se mover
imóveis: mal flutuam.
O ventre é quase nada,
pura transparência
onde se escondem
o dorso e seus andaimes.
Não tem entranhas.
A pele
de tão fina já não é:
limita
semovente
o nada de fora
e o quase nada de dentro.

O peito é de vidro
mas às vezes se desmancha
em pétalas.
Dentro
pulsa um coração
que imobiliza tudo em torno.
O rabo, sim,
é feito de algo insuspeitado:
nuvem
algas
milhares de roldanas
e desejos
enrodilhados na engrenagem
que espaneja o chão
e foge
para o céu aberto.

(do livro Subsolo, São Paulo, 1989)
Pinto estrelas no lençol
como planetas no jantar
habito o inexato
acorrentada ao impossível
aparo as asas da imaginação
..entre duas palavras
escolho um sinônimo..
sussurro uma parecida...
tenho sempre um plano B
e uma fuga pronta
prá um lugar seguro.
Bisneta de Emanuelle, neta de Arcângelo, filha de Abílio e Idalina, mãe da Michele e do Rodrigo, irmã de Sérgio e Abílio, madrinha de Fabiula e Jones, do Evandro e do Guilherme, tia de Guilherme, Christian e Yan, ex- mulher de Tarso, cunhada da Magda e da Silvia, sogra de Ali e Jana, vizinha da Dora, amada do Augusto.
Muito mais curiosa que inteligente; extremamente apaixonada pela história do homem, preocupada com o futuro das espécies, apartidária, ora atéia ora agnóstica, às vezes à toa. Mais gaúcha que brasileira. Adoro meus amigos, faço de tudo por eles e por minha família. Gosto de documentários, filmes de suspense, rock do grunge ao metal, gosto das pessoas, de casas antigas, de árvores velhas, por do sol, de cactus, bromélias, bonsais, de todas as estações do ano, de Amarulla, sorvete, carne vermelha, de todas as frutas, de comida oriental e italiana, sou carinhosa, amorosa e perfeccionista. Acredito que lagartixas dão sorte, vivo onde outrora foi o centro de Pangeia.
Enfrento a vida, as perdas, os ganhos. Detesto vento norte, mas amo ciclone extratropicais.
Muitos nomes mudaram, alguns sumiriam,

alguns permanecem e tenho o maior orgulho de tê-los na minha História.


Amor obeso
tempo anoréxico
decisões bulímicas
expectativas mórbidas
desejos obsessivos
encontros diabéticos
promessas hipertensas
contatos psicossomáticos.
(JC)


Fotográfica


Poemática
rima pobre,
pobre rima
com problemática.
Elástica
vai rumo ao norte
rumo às praias aromáticas
Sem inspiração temática
simpática
Tenta avivar a imaginação
mas ela é errática.
e não há rimas sem matemática
nem aritmética,
tua presença é emblemática
sabe que a virgula é a respiração da idéia
maniática
que o calendário é só onde moram os dias
dogmática
tenta não ser dramática
fanática
espera que
o carnaval chegue
nervrálgica
os filhos amadureçam
fóbica
psicossomática
espera que

as coisas aconteçam
por mágica
assassinando a gramática
simpática
quer acertar o alvo
sistemática
com a flecha apontada sem tática
quer acertar a rima
energética
mas é uma arqueira sem prática
quer ser tua amada atávica
mas
é só uma
foto estática....

face enigmática
atitudes pragmáticas
viva na informática .

Raul Seixas

Maluco beleza
Conhece-to apenas
Dos encontros noturnos
Na maluquez da minha insônia
Nas viagens dos teus versos
Onde falas Da tua sociedade alternativa
Carregados de deboches e vivas
Da paixão e rebeldia onde abrias os barris da tua poesia Ardente e embriagadora
Para que eu adormecesse bêbada de música.
Nascestes há dez mil anos atrás
Viajastes pelos sete mares do planeta
Fostes testemunha do amor de Rapunzel
Acendestes luzes Derrubastes muros Libertastes pássaros
E se alguém provar que mentistes certamente tiraras o teu chapéu.
E foste cantando e encantando pelos caminhos da vida
Esperando do trem das sete horas, o último do sertão. Acolhendo quem vai chegar e quem vai partir. Conheço-te apenas Das esquinas dos teus versos onde Al Capone, Jimi Hendrix e Jesus Cristo
Encontram-se para melhor planejar suas próprias mortes
E lamentar profundamente não ter te conhecido,
para conversar contigo Sobre formigas e cigarras
Sobre tentar outra vez sobre a luz das estrelas
A flor do luar As coisas da vida A luz que se apaga
A beira do abismo O tudo e o nada O raso, o largo, o profundo. O medo de amar.
Tua voz era um sinal das trombetas e dos guardiões e deus te acompanhava deslizando entre plumas de mil megatons ..;Hoje Nessa tarde fria de domingo
Sentei-me naquele banco de praça
“Ambulantemente metamorfoseada”
Ouvia-te ao longe Matei uma fantasia, um sentimento.
A morte é impotente contra aqueles que nascem para propagar verdades, e fazer fundos musicais em rompimentos.
Hoje tuas cinzas nutrem as raízes de uma planta proibida, onde as folhas desabrocham e procuram o céu e de uma forma ou de outra te transmitem da superfície a caminhada dos homens.
Por isso amigo
Quando ouvi tua voz
Num momento tão terrível de solidão urbana, de desencontros, incertezas e de finitudes.
Cantando à terra que te abriga,
tua música se libertava das palavras e assume a dimensão da vida
Cresce nos teus ossos uma planta verde e a mosca da sopa povoa o teu crânio
Eu penso nos amores que a vida me trouxe e pergunto-me se vou viver ou se verei só pedras que choram sozinhas no mesmo lugar
Constato aterrorizada que não tenho colírio e nem óculos escuros.

Jane Cassol

" Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minha cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco"

Gabriel Garcia Márquez



Cara de paisagem...olhar telúrico .. semblante bucólico..sorriso tectônico..



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